Valdir Lanza
Mestre em Ciência da Educação pela Winsconsin International University, Presidente da União Brasileira Educacional-UNIBR e membro do Conselho da Presidência da ABMES
***O sistema educacional americano chegou à sua maturação no final do século passado apresentando queda significativa no número de alunos ingressantes, fruto da mudança da curva etária nacional e da estabilidade de uma nação que tem 99% de sua população alfabetizada. Nos anos 90, Peter Drucker, o maior guru do management de todos os tempos, já previa que o EAD, os novos meios de comunicação, a internet e o esgotamento do modelo tradicional de educação transformariam os exuberantes campus universitários americanos em relíquias da Terra do Tio Sam. Será que estaríamos testemunhando o fim da hegemonia educacional americana no planeta? Ou será precipitado apostar no fracasso de um segmento onde são investidos U$ 1,3 trilhão por ano para um universo de 25 milhões de alunos, só no ensino superior? Além de que, como diz a famosa lei da física: “Para cada ação há uma reação na mesma medida e intensidade...”. Se estudarmos um pouquinho da história americana então...?
Vamos aos fatos. Já há hoje nos EUA 31% mais estudantes estrangeiros do que existia uma década atrás. O crescimento é impulsionado, em grande parte, pelo aumento do número de estudantes da China. As matrículas de alunos chineses tiveram aumento de 23%, em 2012. O aumento de estudantes árabes financiados por bolsas de estudo do governo saudita, também já é uma realidade percebida. O crescimento contínuo de estudantes estrangeiros também tem forte impacto econômico no país. De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, os estudantes estrangeiros contribuem com mais de U$ 22,7 bilhões para a economia americana. O Relatório “Open Doors12” informa que mais de 70% de todos os estudantes estrangeiros recebem a maioria de seus financiamentos de fontes de fora dos EUA, incluindo aí fontes pessoais e familiares, bem como a ajuda de governos e universidades de seus países de origem. Além de que, estudantes de todo o mundo contribuem para a pesquisa científica e técnica americana, trazendo perspectivas internacionais para as salas de aula. Expõem informações sobre cultura, leis, peculiaridades e hábitos regionais, importantíssimas para as relações comerciais e benefícios econômicos de longo prazo. Essa presença internacional cada vez maior, vem sendo sentida em todos os EUA e, especificamente, nas 20 maiores universidades anfitriãs. Só a Califórnia recebe mais de 100 mil estudantes estrangeiros por ano mas, Nova York continua a ser a principal área metropolitana para estudantes estrangeiros. Também houve aumento do número de estudantes em 12 dos 25 principais lugares de origem: Arábia Saudita, Brasil, China, Espanha, França, Indonésia, Irã, México, Reino Unido, Rússia, Venezuela e Vietnã.
Os atrativos americanos são fantásticos. Trata-se de um parque universitário sem similaridade no mundo. Só a Universidade de Harvard tem dotação financeira na casa dos U$ 30 bilhões. Em seu portfólio constam 45 prêmios Nobel e 7 presidentes americanos, além de Bill Gates e Mark Zuckember. Difícil competir...
Neste cenário, novas técnicas de captação e retenção de alunos envolvendo profissionais de TI, marketing, comunicação e vendas passa a ser o objeto do desejo de 10 entre 10 IES americanas para atrair os melhores alunos e os melhores professores nas melhores condições de financiamento estudantil. O atrativo é o arcabouço de benefícios que os americanos chamam de facilities, ou seja, o rol de benefícios que o estudante pode desfrutar como: financiamento, moradia, alimentação, transporte, estrutura esportiva, programas de nivelamento, acesso a equipamentos e materiais e toda a sorte de atividades e atributos que agregam valor à universidade e implicam sobremaneira na hora do aluno escolher onde quer estudar. Na National Conference on Student Recruitment, Marketing and Retention - 2013, em New Orleans, Lousiana, realizada em julho p.p, ficou evidente que o esforço de captação e retenção trouxe para o tabuleiro da gestão educacional aquilo que está sendo chamado da “Nova Indústria da Educação”, onde a estrutura de gestão das IES passa a ser orientada por sistemas de automação, call centers, CRM e uma infinidade de estratégias de abordagem, aconselhamento, orientação e explanação sobre os programas, condições de estudo, facilities e admissão e etc, que mudam sobremaneira a forma de se captar novos alunos e as possibilidades de fidelizá-lo.




